Robert Kirkman fala sobre o amadurecimento de Carl e o “pesadelo flashback” da Michonne


ATENÇÃO: Esta matéria contém spoilers do nono episódio da quarta temporada, “After”.

Esse foi um episódio que promoveu a relação entre um pai e um filho em seu ponto mais baixo, talvez, e uma reconciliação em seguida. Na maior parte da première de midseason, o adolescente Carl tentou estabelecer sua independência, tentou provar que era bom o bastante sem o papai Rick para perceber que, quando a hora da verdade chegou, ele não era tão forte quanto pensou que fosse. Mas essa foi apenas parte da história desse episódio. Também demos uma olhada no passado de Michonne, em um flashback macabro, em forma de sonho, que mostrou uma versão pré-apocalipse dela, segurando seu filho e vendo seu namorado e seu amigo mudarem de pessoas felizes e brincalhonas para vítimas sem braços, aparentemente confirmando suas identidades: eles eram os dois primeiros “zumbis de estimação” de Michonne.

E como se tudo isso não fosse perturbador o bastante, também fomos expostos – se essa for a palavra certa, creio que não – à imagem da cabeça decapitada de Hershel, já zumbificada, o que consolidou seu terrível destino.

A Entertainment Weekly conversou com o produtor executivo Robert Kirkman, que também escreveu o episódio, para saber tudo o que aconteceu.

Entertainment Weekly: Primeiro, vamos falar sobre Rick e Carl. Estamos vendo algum tipo de transformação fundamental na relação deles?

Robert Kirkman: Eu sinto que esse episódio foi um episódio no qual vimos crescimento e amadurecimento em Carl. Ele está se transformando em um homem. No início do episódio, ele é apenas um fedelho que pensa que é mais esperto que seu pai, que sabe tudo e que seu pai ferrou com tudo… E nós vemos que ele é muito capaz, mas que no final do episódio, ele desmorona. E eu acho que esse episódio mostra o relacionamento de Rick e Carl em seu pior momento, mas mesmo assim, no final dele você pode ver um estreitamento de laços entre eles, e agora, nesse mesmo episódio, esse relacionamento está em seu ponto mais alto. Acho que ver os dois trabalhando em conjunto de uma forma que nunca vimos antes vai guiar a coisas interessantes nessa próxima parte da temporada.
EW: Eu adorei a forma que você mostrou Carl tomando a liderança da situação ao mesmo tempo em que o mostrou como um típico adolescente que se sente ser a prova de balas, e como ele quase se dá mal por isso.

Robert Kirkman: Sim, é interessante porque ele aparenta estar em seu limite de maturidade e de imaturidade ao mesmo tempo. Ele parece estar lidando com as coisas muito bem, mas na verdade ele está iludido sobre a situação presente do mundo. E chegar à essa percepção no fim do episódio, quando ele pensa que perdeu o pai e percebe que ele não conseguiria seguir em frente sem ele, pois ele é completamente incapaz de sobreviver sozinho, isso sim, é o verdadeiro amadurecimento e reconhecimento dos fatos de Carl, pela primeira vez. Eu sempre disse que um dos aspectos mais interessantes de The Walking Dead é analisar como as crianças cresceriam nesse tipo de mundo e o quão acelerado seria esse crescimento, e nesse episódio certa amplitude pode ser vista; vários anos da adolescência de Carl foram vistos em um episódio.

EW: Foi horrível ver Hershel ser executado, mas acho que foi pior ainda ver sua cabeça decapitada e zumbificada. Foi cruel, Robert. Você é um grande malvado!

Robert Kirkman: Reconhecemos como é difícil ver uma cena dessas, pois para nós mesmos é difícil. Não estamos brincando alegremente com a emoção das pessoas, como vocês pensam que estamos às vezes. Sentimos muito, também. E isso nos ajuda a entender como esses episódios tocam as pessoas emocionalmente. Somos sempre sentimentais com esses assuntos. Ver Michonne seguindo pelo caminho contrário para poder dar paz verdadeira a Hershel e permitir que sua alma descansasse verdadeiramente foi uma grande jornada emocional, e uma parte muito importante do episódio. Mas nenhum de nós gostou de ver aquela cabeça, então nós entendemos vocês.
EW: E então, teve o “pesadelo flashback” da Michonne. E um pesadelo esquisito, pois juntou épocas diferentes no mesmo momento. Fale sobre a decisão de mostrar esse pesadelo e de preencher algumas lacunas sobre o seu passado e os “zumbis de estimação”, já que vocês quase não falam nada sobre isso…

Robert Kirkman: O passado de Michonne é uma parte extremamente importante de quem ela é, e o fato de termos mantido isso em segredo foi importante pra nós. Mas agora que estamos nesse momento da série, é importante que as pessoas saibam das coisas que sempre soubemos. Você começa a ter uma ideia de quem aqueles zumbis eram, e uma vez que foi tudo um sonho, há certas perguntas: eles são reais? Ou não? Mas tudo isso também faz conexão com o momento, na prisão, em que Michonne segura Judith no colo, no segundo episódio dessa temporada. Há muitas camadas que serão reveladas nessa temporada. As pessoas conhecerão Michonne, em breve.

EW: A fala final, quando Michonne bate na porta e Rick diz à Carl “é pra você!”. Foi uma parte muito legal no fim de um episódio realmente pesado.

Robert Kirkman: Essa é a peça chave de The Walking Dead. Se a esperança não está lá, no fim do episódio, ela está por perto. Foi um episódio realmente pesado, ver Carl quase perder seu pai, ir à lugares escuros, e ter aquela faísca no fim, ter aquele momento em que você pode ver que talvez essas pessoas hão de ficar juntas, é importante pra nós. E eu amo como Rick está quase inconsciente das coisas que Carl disse, e como ele está esperançoso e amigável e aceitando Carl como ele está, naquele momento. Amo a forma de atuar de Andrew Lincoln.

O que você achou do episódio “After”? O que você espera que venha a seguir para a família Grimes? Será que teremos mais momentos do passado de Michonne ainda na quarta temporada? O que você acha que aconteceu com o filho dela? Deixe seus pensamentos nos comentários abaixo.
(via:walkingdeadbr.com)
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