Se você não sabe quem é Tatiana Maslany, está na hora de saber. A atriz canadense de 28 anos brilha, mas brilha numa série pouco conhecida: “Orphan Black”, suspense de ficção científica cheio de teorias da conspiração, em cartaz no Brasil pela BBC HD e no Netflix. Dificilmente essa série vai se tornar uma daquelas que todo mundo acompanha, porque os contras são muitos: é canadense, trata de clonagem de seres humanos, tem um casal de lésbicas, tem o mais clichê de todos os gays, muito sangue e muita morte.
Mas tudo isso são apenas satélites orbitando o real motivo pelo qual “Orphan Black” é imperdível: Tatiana Maslany, a estrela. Ela é, acredite, Sarah, Beth, Helena, Cosima, Katja, Rachel, Alison… e quantos mais clones os criadores Graeme Manson e John Fawcett decidirem inserir na trama. Tá bom, nem todo mundo suporta ficção científica, mas ela oferece conflitos morais, éticos e religiosos capazes de fazer o espectador refletir, no mínimo, sobre os rumos que a ciência está tomando.
O público vai sendo apresentado aos clones aos poucos. Sarah Manning, a personagem central, passou de adolescente-problema a adulta autora de pequenos delitos. Está fugindo de ex-parceiros de crime quando testemunha o suicídio de uma mulher (Beth). Mais chocante que a morte em si é o fato de que a morta é a sua cara, literalmente. Ela rouba a bolsa e tenta assumir a identidade da sua cópia, unindo o útil ao necessário: roubar sua conta bancária e descobrir como e por que existe no mundo outra pessoa igual a ela.
Assim, os clones vão aparecendo e começa o show de Tatiana. Um cabelo diferente aqui, um sotaque estranho ali, e a mágica está feita: é outra pessoa. Diante da telinha, a gente esquece que são todas a mesma atriz e compra completamente a ilusão de que são pessoas diferentes. Mas foram criadas pelos mesmos cientistas e têm seu DNA patenteado.
Literalmente, são propriedade de alguém. Uma executiva inglesa, uma cientista norte-americana, uma ucraniana maluca, uma dona de casa desesperada… Iguais mas diferentes, elas têm um denominador comum: são monitoradas 24 horas por dia, e caçadas por vários grupos científicos e religiosos. O que torna Sarah a mais importante é o fato de que ela é a única clone que foi capaz de se reproduzir. E sua filha é o seu ponto fraco.
Técnica. Cada cena de clones é filmada quatro vezes. Metade da culpa pela perfeição dos clones em “Orphan Black” é do talento, a outra metade é bruxaria de Hollywood mesmo. Uma cena com dois clones é filmada uma primeira vez, com a atriz Tatiana Maslany e uma dublê interpretando, cada uma, um personagem. Em seguida, Tatiana faz a mesma cena sozinha, conversando com um ponto na parede e repetindo os mesmos movimentos nos tempos exatos.
Elas então trocam o figurino e gravam de novo, em papéis invertidos. Por fim, a câmera refaz todos os movimentos, filmando apenas o ambiente sem ninguém. “Eles podem cortar digitalmente o braço dela (da dublê) aqui, então ela estava realmente me tocando, mas é o meu braço que aparecerá. Isso faz algum sentido?”, perguntou a atriz, enquanto tentava explicar o processo, na conferência ComicCon de 2013. Com a câmera em movimento e duas ou três clones interagindo e se tocando, o espectador é transportado para o mundo da verossimilhança. A gente assiste sem trucar. “É muito muito muito técnico”, disse.
Um amigo que toda mulher queria
Em “Orphan Black”, praticamente todo personagem não é o que parece. A exceção é Felix Dawkins, irmão adotivo de Sarah Manning. Em algum momento da infância, os dois foram entregues à misteriosa Senhora S, que os levou de Londres para o Canadá, onde cresceram. Felix (Jordan Gavaris) traz, a uma série sombria, a leveza e o timing perfeito das boas comédias, ao interpretar brilhantemente uma caricatura de gay – purpurinado, artista e michê, experiente nas malandragens da vida, amigo de fé irmão camarada que toda mulher sonha ter.
Fonte:otempo
Registe-se aqui com seu e-mail