Game of Thrones (S04E03): quando a adaptação erra no tom

Depois da surpreendente, porém simples, morte do personagem mais odiado da série, Joffrey, o que esperar do episódio que dá sequência aos fatos? Particularmente, não esperava muito, é comum termos um episódio mais calmo depois de tamanho alvoroço. Acabou sendo menos do que eu esperava e as diferenças para a história do livro pesaram pela primeira vez. Foi assim em “Breaker of Chains“, o terceiro episódio dessa temporada.

Farei algo que não gosto tanto, mas que aqui faz sentido: “no livro não foi assim”. O núcleo de Porto Real foi quem trouxe essa diferença. No caso, enquanto Cersei lamentava a morte do filho querido, Jaime deu um chega para lá na irmã e foi às vias de fato, consumando o que pode ser interpretado como estupro (pesado?!). Amigos próximos discutiram e meio que chegaram a um acordo que a cena deveria ter sido cortada. O que concordo. Ora, no livro a cena acontece com Jaime tendo acabado de retornar a Porto Real, simplesmente destruído mentalmente e fisicamente. Com essa cena deslocada para um contexto diferente do que o livro apontou, ou ela perde o sentido na série ou, pior, destoa a personalidade que estava sendo construída do “novo” Jaime Lannister. Foi uma hipocrisia do roteiro da série como um todo.

O tal núcleo se fecha com Tywin doutrinando Tommem, Tyrion demonstrando todo seu apreço pelo fiel escudeiro Podrick e, finalmente, Vovó Olenna dando a entender que Margaery Tyrell ainda irá casar com um Rei, por mais que seja outro rei, o que, convenhamos, é até melhor para a moça. Por falar nisso, o que esperar desse novo Rei? Será tão odiado quanto Joffrey ou conseguirá ser uma pessoa boa? Ficam as dúvidas.

Vimos onde foi parar a fujona Sansa. Numa cena bem Piratas do Caribe, a moça é levada por Dontos até Mindinho em seu navio. Lembrando da temporada anterior, pensávamos que o personagem já estava mais para lá do que para cá do Ninho da Águia, seu destino anunciado. Sansa mais uma vez foi enganada, dessa vez pelo Bobo, que, a mando do Mindinho, deu um colar “da sua família” para a moça. O pergunta relevante é: foi Mindinho quem armou a morte de Joffrey? Isso não ficou claro? Para que o colar então? Como ele sabia o que ia acontecer a ponto de ficar esperando com seus navios ali?

Pelo nome do episódio, Breaker of Chains, esperava mais de Essos, seus dragões e seus escravos libertos. A cena do Tróia foi realmente o ponto alto do episódio, apesar de muito curta. Entretanto, deixa a entender que muito virá e, provavelmente, o próximo episódio focará bastante no lado de lá. A impressão que dá é de estarem economizando com a produção de Daenerys, Essos e toda a necessidade de a cada nova temporada uma cidade ser criada. Afinal, ela anda demais. Nada de dragões nesse episódio e a turma dos efeitos especiais agradece.

Os outros núcleos também foram abordados, mas bem de passagem. Jon Snow e seus amigos de preto vão realmente ter que combater os Selvagens, Stannis agora tem novas preocupações e, enfim, Arya teve um bom jantar, só não pode-se dizer o mesmo de quem proporcionou a refeição.

No fim de tudo, o terceiro episódio da quarta temporada foi bem abaixo da média. A condução foi errada, em termos técnicos, uma vez que as cenas principais se pareceram com cenas já famosas de filmes (fotografia principalmente). E, por fim, o erro de adaptação da cena de Jaime e Cersei influenciam muito o que fora feito na terceira temporada. Não costumo reclamar dessas adaptações quando tendem a melhorar a série ou simplesmente manter uma linha coerente com o que vem sendo mostrado, algo que essa adaptação não conseguiu atingir. Erraram. Muito!
Fonte:cinemacomrapadura
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